Homens que não dão esperança às mulheres "Sincerões"



Sincerões


A matéria é baseada em uma reportagem da revista Marie Claire que fala de alguns homens que saem com as mulheres e já deixam claro que não querem nada com elas. Levam pra jantar, passam um tempo, até andam de mãos dadas, mas sempre deixando claro que elas são apenas "amigas". Na matéria eles são chamados de sincerão e muitos cometem o sincericídio, que é acabar com as esperanças das mulheres.

(Entrevista cedida pelo Psicologo Luiz Ricardo Vieira Gonzaga CRP 06/79399 ) 

Por que esses homens são assim?

Podemos elencar que há vários fatores que podem permear as demandas vivenciadas por alguns homens que se comportam desta maneira. Há pessoas que podem interpretar a situação de relacionamento afetivo com alguém  como uma situação que gera vulnerabilidade nele e podem ativar algumas crenças pessoais relacionadas à isso. Tem um tipo de homem, que pode compensar isso se relacionando com várias mulheres de uma maneira superficial sem se engajar em um relacionamento sério, pois pode ter a crença de não sentir-se amado, daí para que isso não se configure/caracterize como algo real, ele se esquiva do relacionamento delimitando-o.
Há outro tipo de homem que pode evitar o relacionamento,pois há uma crença pessoal de ser rejeitado e possivelmente evita qualquer tipo de relacionamento que possa se configurar nesta realidade que ele acredita que possa acontecer. Esses mecanismos de ação muitas vezes podem ser percebidos ou não por eles e essas crenças ficam latentes em situações que configuram em relacionamentos afetivos, por exemplo.
Há também as variáveis culturais que podem influenciar neste tipo de comportamento. Os homens podem sentir-se mais livres e desengajados em relacionar-se desta maneira com as mulheres, sem se sentir cobrados ou comprometidos com alguém. Os relacionamentos passageiros tornam-se parte da rotina e  pode haver também o reforço deste tipo de papel quando as mulheres preferem ter este tipo de homem ou quando aceitam esta condição.
As variáveis familiares são também elencadas neste processo. Quando há referenciais de uma estrutura familiar que pode implicar em um padrão de esquiva ou aversão a esse tipo de papel que o pai ocupa ou ocupava no contexto familiar que esse indivíduo vivenciou no seu processo de desenvolvimento infantil podendo influenciá-lo na sua forma de lidar com os relacionamentos afetivos atuais. Por exemplo, pais que brigavam muito, falta de afeto entre eles, separação, por exemplo, são eventos que podem ter um significado para este indivíduo quando este for adulto e se relacionar com alguém.
Há também pessoas que podem ter transtornos de personalidade que podem influenciar no modo de lidar com a situação de relacionamento interpessoal. Por exemplo, o Transtorno de Personalidade Esquiva(TPE) é caracterizado como um padrão global de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à avaliação negativa, que se manifesta no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos. Assim, no TPE, apesar do desejo de se relacionarem, eles aprendem que é melhor negar esses sentimentos e manter uma distância interpessoal.

Hoje em dia é comum os homens serem assim? Por que?

Não necessariamente. Cada tipo de homem pode ter uma especificidade, pois temos diferenças individuais e formas diferentes de lidar e interpretar a situação.Isso esta mediado pela nossa história de desenvolvimento também.


Sinceridade e honestidade demais ajuda ou atrapalha? Por que?

A sinceridade é um valor único, pois faz parte de um atributo da Habilidade Social. Sermos sinceros implica em expressarmos a nossa opinião de uma forma clara, mas cabe que nós sejamos claros sem ferirmos o sentimento do outro, respeitando o nosso direito e o do outro. A expressão dos nossos sentimentos e da situação de uma forma assertiva e educada colocando-se também no lugar da parceira faz com que o outro entenda a nossa posição e que possa ter o livre arbítrio de escolher ou não ficar naquele relacionamento.

Como as mulheres podem lidar com esses tipos de homens?

A previsão deste tipo de perfil geralmente não é tão claro e objetivo. Para a mulher, seria importante que ela entendesse primeiro a demanda/necessidade dela e o que ela espera, sente e pensa a respeito da situação. Seguindo este caminho, ela poderá ser assertiva no momento em que a situação gerar um sentimento e/ou emoção desagradável para ela e que ela possa considerar expressar isso para o parceiro tendo em vista a posição dele. Vale-se a regra de que não é a situação em si que gera esse desconforto para ela, mas como ela se sente e interpreta isso tudo.

 Que tipo de mulheres são "aptas" para saírem com esses homens?

Todas as mulheres podem estar susceptíveis a saírem com esses homens. A variabilidade faz parte deste processo e elas podem encontrá-los em qualquer tipo de ambiente social. Aquelas que tem uma demanda maior de relacionamento afetivo podem se sentir mais tendenciosas a se relacionarem e quererem algo a mais do que eles podem propor e isso poderá gerar um conflito emocional.

Em caso de se apaixonar, vale a pena investir/ter esperanças?

Sim. As mulheres precisam estar antenadas aos seus sentimentos e observarem o que de fato são benefícios e custos de estarem ao lado dele. Fazer essa negociação fará com que elas pesem e reflitam a respeito do relacionamento e de ser um momento em que ela poderá conversar a respeito disso com eles.

Quais são os sinais que indicam que a mulher está diante de um "sincerão"? E o que fazer?

Esse tipo de perfil geralmente pode expressar de uma forma clara e objetiva no primeiro relacionamento ou através de comportamentos que podem evidenciar uma atitude de não engajamento no relacionamento, mas são indicadores e não certificadores de que seja um tipo de sincerão. Outras situações podem também fortalecer esse tipo de comportamento e pode estar mediado também na forma como a parceira se comporta. A expressão de sentimentos e comportamentos continua sendo a peça chave para um relacionamento saudável.




CRP 06/79399



Psicólogo
Doutor em Psicologia como Profissão e Ciência pela PUC-Campinas, Brasil
Certificado pela Federação Brasileira de Terapias Cognitivas-FBTC

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