Consumo obsessivo

psicologo que atende em psicoterapia para compulsividade em são paulo
Entrevista cedida à repórter  Camila Carvalho da Consumer Magazine

1- Porque o ser humano tem necessidade de consumir?
Acredito que o ser humano tenha necessidade de buscar prazer, parece que há uma luta interna (e eterna) no equilíbrio de sensações ruins e comportamentos que trariam boas sensações. O consumo é uma das atividades que podem proporcionar prazer pois pode ofercer a sensação de “estarmos supridos”. Esta sensação pode nos dizer que agora (que consumimos , compramos tal objeto) nossas necessidades foram atendidas e passamos a desfrutar do sentimento de “plenitude”. Esta sensação se tornou prazerosa devido ao nosso processo evolucionário, os homens primitivos que foram atrás de satisfazer suas necessidades conseguiram sobreviver e deixar descendentes. E assim esta característica foi transmitida pelas gerações como algo necessário para sobrevivência.

2- Porque este desejo se manifesta de forma mais intensa nas mulheres e não nos homens?
Talvez as mulheres possam ser mais sensíveis e mais emocionais. E por mais que os homens sejam os “caçadores e provedores”, no processo evolutivo, as mulheres foram as que administraram o quanto de suprimentos seria necessário. E como tudo o que a evolução percebe como necessário pode ser transformado em prazer para que não seja esquecido. 

3- O conceito de consumo é de alguma forma ligado ao de vaidade?
Vaidade pode ser um dos aspectos do consumo. Consumimos por vaidade para ficarmos mais bonitos e interessantes, mas também consumimos para aumentar o nível de conforto, para eliminar a sensação de que “falta algo”, etc.

4- Quando o consumo pode ser considerado descontrolado?
A obsessão por consumir é identificada quando ocorre prejuízo de qualquer natureza: pessoal, social, financeiro, etc. Sendo assim identificamos consumo descontrolado ou comportamento obsessivo envolvendo o ato de realizar compras quando a pessoa percebe que está adquirindo elementos que nunca irá utilizar, ou elementos que não cabe mais em seus armários, ou que não pode pagar e está se endividando, etc.
Os sintomas podem ser: Ansiedade por comprar e em seguida angustia por ter comprado.

5- E no final de ano, existe alguma explicação sociológica e psicológica para o aumento?
A explicação para o consumo de fim de ano pode ser cultural. A cultura  influencia o aspecto psicológico. Este é o “momento de fazer compras” assim diz a TV, os amigos, a família. Quem não entra neste ritmo de compras pode se  sentir excluído de uma sociedade à qual ele deseja pertencer.

6- Uma pessoa que, com relação ao consumo, é considerada controlada pode ser descontrolar nesta época do ano?
Uma pessoa que tenha carências e necessidades que estão sendo aplacadas por outros comportamentos ou que não estão sendo aplacadas e a angustia está se acumulando em seu peito, pode então “descobrir” que o consumo pode ser uma forma de dar vazão à estas necessidades e cair na farra do consumo descontrolado.

7- O que fazer para não cair na tentação do consumo e viver bem com menos?
Não há regras que possam ser aplicadas a todas as pessoas, para alguns pode funcionar ter consciência de que pode ser muito mais gostoso gastar apenas o que pode num dia e viver os outros  364 dias em paz com sua conta bancária do que gastar o que não pode e passar o resto do ano angustiada com contas que não consegue pagar. Para outros poderia funcionar fazer uma lista antes de sair de casa com o que deve comprar e quanto pretende (ou pode) gastar com cada item. Outras pessoas já poderiam  intensificar o desfrute pela compra de algo que realmente vale o que foi pago (pagamos muito por status que não trazem em si benefícios reais), etc.

8- O que as mulheres podem fazer para gastar menos neste final de ano com a chegada das férias e datas comemoraivas?
Eu recomendaria intensificar a autoconsciência. Saber que seu valor como pessoa não está relacionado ao valor de suas aquisições também pode ajudar - muitas pessoas gastam mais do que podem como forma de se fazerem aceitas - pelos outros e por si mesmo.  Saber que pode estar linda numa festa com o mesmo vestido do ano passado e que custou baratinho mas cai perfeitamente em seu corpo é um belo exemplo. Conhecer a si mesmo, identificar o que leva esta pessoa ao consumo pode ser um caminho no sentido da superação.


Marisa de Abreu Alves Psicóloga - CRP 06/29493-5

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Distúrbios psicológicos e o celular


psicologo para psicoterapia de disturbios psicologicos em são paulo
Entrevistado: Psicólogo Luiz Ricardo Vieira Gonzaga CRP 06/79399

Repórter: Bruna Nunes Entrevista em 22/07/09
Mídia: Rádio da Universidade Metodista (UMESP)

- O uso do aparelho celular pode se tornar um vício ou trazer algum distúrbio psicológico?
Psicólogo: Antes de determinar se um aparelho celular causou distúrbios psicológicos em um indivíduo é necessário investigar se o mesmo não apresenta alguma "pré-disposição", para tal. Ou seja, se ela já é predisposta a algum transtorno psicológico. É uma linha muito tênue que irá determinar se aquele uso é normal ou patológico.
Geralmente para se enquadrar em algum transtorno psicológico nós nos baseamos através dos manuais de psiquiatria como o DSM IV e o CID-10 da Organização Mundial de Saúde. Por ex, para um indivíduo que se enquadra como TOC, para o DSM-IV as principais características seriam a presença de obsessões/compulsões graves que o comprometem socialmente. As obsessões seriam idéias intrusivas , são os pensamentos, sem sentido recorrentes e persistentes, sem nexo, mas que parecem como verdades para o sujeito. Já as compulsões remetem ao comportamento, ato repetitivo e sem propósito de aspecto ritualístico que visam amenizar a ansiedade e a neutralização daqueles pensamentos. Por exemplo: Quem possui esse transtorno poderá utilizar o celular como meio de neutralizar essas obsessões para precaver-se que algo ruim possa lhe acontecer apesar de não haver uma conexão real que aquele ato possa preveni-lo de algo.a maioria das vezes esses atos ritualísticos consomem uma grande parte do tempo e causam grande estresse ao indivíduo.

- A partir de quais sintomas a pessoa pode ser considerada viciada?
Psicólogo: É quando esse uso acarreta em prejuízo social ao indivíduo e na mudança do seu comportamento. Por ex. se o indivíduo passa a evitar o contato com o outro, deixando de se relacionar, quando ele evita reuniões sociais, lugares públicos e opta por fazê-lo mediado pelos meios tecnológicos, por exemplo, os sites de relacionamento, o famoso chat online.
 Se o adulto ou adolescente deixa também de executar funções primordiais no dia a dia como, se alimentar, estudar, dormir, cuidados com a higiene, etc.

- Os aparelhos tecnológicos geram distanciamento ou aproximação social?
Psicólogo: Se pensarmos no aparelho celular, é notório que sua principal função seria a aproximação social. Ele pode ser destacado como um dos principais instrumentos de comunicação, pois ele se tornou uma ferramenta fundamental na agilidade dos processos da vida diária já que o tempo se tornou o nosso principal vilão. Hoje se busca a praticidade, a agilidade, o diferencial e a dinamicidade.
O celular tornou-se um marco que delimita tanto o status social a qual o usuário pertence como o estilo de vida dele. Por exemplo: No primeiro, um usuário que possui um aparelho “top de linha” de uma determinada marca com certeza ganha mais que 2 salários mínimos.
Em relação ao estilo de vida do usuário, uma pessoa que é mais dinâmica, independente, vai optar por um celular com recursos que ela possa utilizá-lo a seu favor como: transações bancárias online, MP3, memória expansível para armazenamento de arquivos, etc.
Já um adolescente já vai querer um celular mais despojado com MP3, quadriband, jogos, etc. Uma garota, por exemplo, vai optar pelo design do aparelho, a cor, etc.
E as empresas que tem um olhar neste mercado sempre irá lançar modelos que tenham sempre um recurso novo para que esses usuários fiquem motivados a adquirir novos aparelhos: é a lei da oferta e da procura.
De acordo com a abordagem comportamental, podemos discriminar o objeto celular como um reforço positivo, que seria tudo aquilo que aumenta a freqüência de um dado comportamento, no caso o comportamento de usá-lo (falar ao celular). Esses esquemas de reforço vão sendo fortalecidos na medida em que o usuário o utiliza freqüentemente. Outras variáveis também irão fazer parte deste esquema de reforço que seria o reforço social, ou seja, por ter um celular moderno ou pelo fato de ter um, o contato impessoal com o outro usuário, as facilidades também que a operadora provém ao usuário como o acesso online, MSN, chat, e-mail, pagamentos online, bônus, etc.
Então são alguns destes fatores que irão fortalecer esse comportamento de usar o celular tornando-o fundamental no nosso dia-a-dia.

- Por que o celular se tornou fundamental?
Psicólogo: Em primeiro lugar pela versatilidade e comodidade que ele fornece. Os indivíduos buscam cada vez mais otimizar seu tempo, não podemos negar que diante desta afirmativa, o celular se tornou um excelente instrumento. E comum agendar e desmarcar compromissos através do celular e, muitas vezes, sem que haja a necessidade de falar com a pessoa interessada, utilizando-se apenas um dos recursos que o aparelho disponibiliza como o SMS.
O aparelho deixou de ser apenas um meio de comunicação, tornando-se uma fonte também de entretenimento com novas versões e diferentes funções. Podemos citar as funções de MP3, Câmera, jogos, Bluetooth etc. Além das facilidades que a operadora provem ao usuário como o acesso online, MSN, chat, e-mail, pagamentos online, bônus, etc.
- A tecnologia atualmente é bem ou mal utilizada?
Isso é relativo. Por exemplo: no caso da internet, alguns usuários se utilizam de softwares para aplicar golpes como sites falsos de bancos e lojas, ou até mesmo falsos perfis em sites de relacionamento, que denigrem e a reputação de outros. Por outro lado, este mesmo instrumento tem se mostrado muito útil nos dias de hoje: Quem não precisou enviar algum documento ou relatório com urgência por e-mail?
No caso do celular, segue esta mesma linha de raciocínio, como facções nas cadeias públicas que aplicam golpes de falso seqüestro ou se identificando como funcionários de empresas fictícias ou conhecidas.
Então, a tecnologia abre portas tanto para quem as utiliza para o favorecimento ilícito ou para prejudicar terceiros como para pessoas que buscam melhorias e benefícios para si e para os outros agregando valor a sua vida pessoal e profissional.

- A partir de qual idade seria mais ideal obter um celular? (devido às crianças que também estão se tornando viciadas).
Psicólogo: Essa é uma decisão particular que dependerá muito da dinâmica de cada família, porém, acredito que o principal é instruir essa criança sobre a real utilização do aparelho podendo negociar com ela essa fase de uso, seja como uma maneira de informar aos pais sobre o paradeiro da criança (hoje existem serviços de algumas operadoras como o GPS pelo celular) ou simplesmente caracterizá-lo como parte de um determinado grupo de pares (amigos).

- Há prejuízo na saúde física do indivíduo?
Psicólogo: Podemos elencar alguns estudos neste campo. Em uma matéria veiculada pela BBC do Brasil, ,por exemplo, um estudo realizado na Finlândia mostrou que o uso de celulares podem afetar a saúde dos usuários.Foi a primeira vez que cientistas mensuraram os efeitos da radiação em células humanas(no cérebro) e não apenas em infrahumanos (ratos).A pesquisa aponta que mesmo as baixas emissões causam danos ao cérebro comprometendo a chamada barreira de segurança que impede que substâncias nocivas do sangue entrem no cérebro.Mesmo assim, o pesquisador Darius Leszcynski que liderou a pesquisa comenta que o estudo ainda não é conclusivo.Ele aponta que os resultados são de testes de laboratório com células humanas, onde as variáveis externas são controladas e que é preciso realizar novos estudos para avaliar se os efeitos realmente afetam os humanos, pois precisaria de pessoas para saber se a barreira do sangue é afetada realmente.Por fim, ele comenta que o cérebro ainda é um enigma e em relação aos aparelhos celulares o uso é seguro, pois não há prova científica que justifique a sua limitação.
Um outra pesquisa divulgada pelo The Jerusalem Post e no Americann Journal of Epidemiology realizada pela cientista israelense Siegal Sadetzki, em Tel Aviv, atestou que o uso freqüente e prolongado do telefone celular contribui para o desenvolvimento de tumores benignos e malignos nas glândulas salivares.Ela diz que quem usa o celular com freqüência tem uma chance 50% maior de desenvolver um tumor nas parótidas (glândulas situadas dos dois lados do rosto) do que aqueles que não usam o aparelho. Ela salienta que os usuários freqüentes que moram em áreas rurais estão mais susceptíveis ao risco, pois os celulares emitem mais radiação para compensar a falta de antenas.
Já o FDA (Foods and Drugs Administration) que seria um órgão regulador nos EUA eles obrigam as empresas produtoras de celulares que informem aos usuários o nível de emissão de ondas eletromagnéticas RF(radiofrequency energy) e que os produzam a níveis toleráveis para o uso.Ela também participa de um grupo que são responsáveis por diferentes aspectos da segurança de emissão das ondas eletromagnéticas (RF)
Há outra comissão reguladora denominada FCC(Federal Communications Commission) que regulamenta que todos os celulares que são vendidos nos Estados Unidos estão dentro das normas legais da FCC e da emissão eletromagnética(RF). A FCC também regulamenta as antenas de transmissão que tem um poder de emissão eletromagnética maior que os celulares, mas que essa emissão é baixa para os usuários já que a antena é montada como uma torre ou em outra estrutura que ficam distantes do público.
Outro pesquisador do Centro Médico da universidade de Wisconsin nos EUA, Prof. John Moulder, concluiu que na imensa maioria dos trabalhos não se conseguiu demonstrar que campos de radiofreqüência semelhantes aos da telefonia celular tenham qualquer efeito sobre o aparecimento de tumores ou maior taxa de crescimento de tumores já existentes, ou que ainda tenham efeitos genetóxicos (quebra do DNA em células) ou teratogênicos (causadores de malformações fetais), in vitro (em culturas de células) ou in vivo (em animais vivos). Os dados de mais de 100 estudos científicos sugerem que a RF não causa mutações diretamente, e que efeitos adversos aparecem somente em altíssimos níveis de potência, pois elas irradiam com baixa potência e intermitentemente, em várias direções.
É sempre bom ter precauções como usar os acessórios para o celular (capa, fone auricular, suporte veicular, etc.) e evitar chamadas prescindíveis.








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Internet e isolamento

psicologo para psicoterapia de  pessoa isolada em são paulo
Entrevista ao  Diário do Grande ABC
Edição Setembro/2009

Entrevistadora: Ana Carolina Albernaz *Repórter do Diário Grande ABC
Entrevistando: Psicólogo Luiz Ricardo Vieira Gonzaga CRP 06/79399

Como o uso demasiado da internet afeta uma pessoa e a sua vida social? Há uma quantidade de horas limite?
Em plena era digital e globalizada, observamos que a internet é utilizada praticamente por todo mundo, pois esta agregada na atividade cotidiana das pessoas. Quem nunca precisou enviar um e-mail para um amigo ou cliente que reside em outro estado ou que enviou em anexo documentos importantes para o fechamento de algum contrato? Ou que a utilizou para o pagamento de contas via online ou compras online? Ou seja, este recurso tornou-se extremamente importante para o gerenciamento da vida social de cada pessoa devido à facilidade e a agilidade do tempo que ela conseqüentemente propicia. Se fossemos elencar os recursos que os usuários utilizam em ordem de importância; a internet estaria entre as primeiras colocadas.
Por outro lado, o uso demasiado deste recurso poderá causar um acentuado sofrimento ou prejuízo significativo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo que se torna um adicto a este estímulo. O contato virtual acaba por ser um reforçador contrapondo ao contato social, o isolamento e a esquiva passa a ocorrer para atividades antes consideradas por ele como prazerosas, o tempo decorrido de permanência ao acesso virtual passa a ser prolongado passando a ocorrer diariamente, em horas discriminadas ou em momentos inespecíficos.
Contudo, a permanência do usuário na internet irá depender do seu uso, do objetivo e do contexto ao qual será utilizado o serviço. Tem usuários que a utilizam como ferramenta de trabalho- como os analistas da informação- e é freqüente eles estarem horas 'plugados' no computador. Há indivíduos que utilizam para fins de pesquisa ou como elo de comunicação com seus clientes de outros estados e países utilizando a tecnologia Voip por exemplo. Já têm outros que se enquadram nos sintomas elencados acima e que não necessariamente passam horas conectados, mas que sofrem um prejuízo clínico significativo. Vale observar que a permanência do uso da internet é um fator importante sendo observado nos adictos ao uso da internet, mas esse fator não é preponderante em relação ao diagnóstico.

2-    Que conseqüências a transformação da internet no 'tudo' traz para aqueles que não têm acesso a web?
Devido ao avanço da tecnologia da informação e as facilidades que ela proporciona; os não usuários desta ferramenta, conseqüentemente, ficam à margem do acesso a informação virtual. Foglia (2009) salienta que a internet é considerada por muitos, um dos mais importantes e revolucionários desenvolvimentos da história da humanidade. É uma tecnologia que permite que as culturas se aproximem em apenas um clique. Esse serviço tem também uma relação de custo e benefício acessível tanto para um cidadão comum como a uma empresa que pode facilmente acessar a rede e conseguir informações em larga escala. Com as facilidades de custo e beneficio que proporciona e com o ganho de tempo que ela permite, a internet está ganhando força em nosso meio social.
Leitão e Nicolaci (2005) reforçam a importância desse sistema como um espaço alternativo de vida não se limitando apenas como uma simples ferramenta ou instrumento disponível no mundo real. Ele é considerado como um novo e prazeroso espaço de vida, um espaço de recreação, um mediador das relações pessoais. A internet passa a ser denominada como um objeto de interatividade no qual a diversão, o lúdico e a variedade de recursos como joguinhos, músicas (mp3), filmes ficam disponíveis ao usuário. É como se o limite estivesse sob controle do usuário que permite a si e para o outro de fazer tudo, mesmo que seja proibido.
No meio organizacional, as empresas utilizam este recurso principalmente para agilizar e aperfeiçoar os serviços, promovendo, desta forma, a comunicação com o cliente. É utilizado também para a agilidade dos processos, na redução do custo, no diferencial competitivo e na administração do tempo. Já no ambiente social, para a comunicação, a interatividade e a promoção de um ambiente virtual no qual a fantasia e a imaginação se transpõem ao limite da realidade. Para Leitão e Nicolaci (2005), os recursos disponíveis da internet como a comunicação em tempo real, o anonimato, o acesso fácil das informações, a realização simultânea de diferentes recursos geram um sentimento de onipotência por parte das pessoas já que elas têm acesso a tudo e são capazes de realizar tudo levando-as a ignorar muitas vezes os limites do mundo real. Para Foglia (2009) a internet vem criando uma nova maneira do ser humano se relacionar com o mundo. Assim como a indústria, a internet está delimitando um novo espaço/tempo, uma linguagem própria, uma promessa de integração e melhoria no trabalho e nos relacionamentos.
Podemos fazer um paralelo citando a revolução industrial como exemplo no qual as máquinas vieram para suprir a necessidade na produção em grande escala, na agilidade dos processos.  Por outro lado, sabe-se que houve efeitos negativos como a falta de leis trabalhistas que dessem suporte ao operário, a desigualdade social e a má condição no ambiente organizacional. Mesmo assim, esses eventos negativos foram consequenciados por efeitos positivos nos quais associações foram fundadas para dar suporte ao operário, pelo governo que criaram leis trabalhistas, pelo operário que criou um novo perfil e uma nova maneira de se relacionar com as máquinas para obter maior produtividade (Foglia, 2009) e pela própria indústria que percebeu o operário como mola fundamental ao processo organizacional e ao diferencial competitivo.
Passada a era industrial, o homem não se restringiu apenas na mediação presencial com a máquina, mas criou também uma relação virtual. O que era força braçal e operacional passou a ser gerida pela capacitação da informação e para que isso acontecesse o homem teve que se aperfeiçoar. Estamos vivendo a revolução da internet assim como fomos fruto da revolução industrial. Assim, os não usuários precisam inevitavelmente deste recurso como um sistema de comunicação e interação com o ambiente do qual fazem parte.

3-    Qual o impacto de comerciais de TV sobre comércio e informações online? Não só comerciais, mas também notícias nos telejornais a respeito e tal.
O ambiente online promove esta interface com o ambiente real fornecendo informações do meio midiático como também de fontes de instituições organizacionais (pública e privada) e educacionais. A promoção destas informações reforça o poder de venda para o comércio, incentiva os leitores a pesquisar outras fontes de informações e pesquisas por meio de outras ferramentas e/ou sites alternativos e aumenta o poder de barganha do usuário que irá pesquisar um produto em lojas virtuais diferentes. Esse comércio virtual como também as informações de conteúdo jornalístico são veiculadas em meios de comunicação diversos como o Busmídia e nos outdoors online alocados em shoppings, universidades, hotéis, etc. Contudo, o usuário deve ter um senso crítico e ser cauteloso em relação aos dados veiculados. Ele deverá sempre consultar as informações em fontes de pesquisa especializada, em sites conhecidos e protegidos contra fraudes. São prevenções que devem ser tomadas para que não haja uma conseqüência negativa a posteriori.

4-    As pessoas se influenciam mais por informações na internet ou na televisão?
Antigamente, se fôssemos pensar em termos de acessibilidade ao computador, sabemos que a televisão é um meio de comunicação mais acessível às pessoas pelo fato de não necessitar da compra de um provedor de acesso ou de uma linha telefônica. Por outro lado, com a campanha promovida pelo governo na redução dos impostos para a aquisição de compra do computador e outros produtos como também no barateamento do acesso discado, dos provedores e do acesso gratuito da internet em postos de atendimento há, então, uma convergência de informações que ficam disponíveis ao usuário por esses dois meios de comunicação. É como se a televisão ou o computador e vice-versa se complementassem sabendo que, o acesso a internet seria uma extensão de uma informação veiculada pela televisão, já que a notícia local, regional ou internacional é veiculada diariamente e na internet podemos acessá-la a qualquer momento do dia ou se quisermos nos aprofundar podemos acessar palavras correlatas do mesmo assunto, pelo site do jornal, em sites de busca ou em enciclopédias virtuais como a Wikipédia.

5-    Quando há interação de meios as pessoas participam? Se há uma notícia no telejornal que tem continuação na internet, as pessoas vão atrás?
Geralmente, as pessoas interagem passando de receptivos para ativos no processo de comunicação. As redes de televisão atentas a este novo recurso promovem até campanhas para que o telespectador participe acessando o conteúdo online do jornal para que possam também dar uma opinião no que se refere à matéria jornalística ou que proponham outras matérias. Esse processo de mediação irá fortalecer o vínculo do telespectador que se torna internauta também proporcionando uma relação mais interativa e construtiva com o meio.

6-    Como a pessoa percebe que esta viciada na internet?
A compulsão ao uso da internet define-se enquanto fenômeno clínico quando há um comprometimento ocupacional do indivíduo impedindo o andamento de suas atividades profissionais, sociais e acadêmicas, envolvendo também um grau de sofrimento considerado pelo indivíduo como significativo podendo ser diagnosticado pela literatura médica e psicológica como um Transtorno.
Assim, a companhia no meio social perde espaço para os sistemas tecnológicos que isola o indivíduo sendo uma condição do mundo virtual. O usuário passa a ter um novo relacionamento com o tempo trocando o dia pela noite. O outro que interage será um monitor e um teclado emitindo símbolos por meio de texto- linguagem escrita ou por figuras (emotions). Para Foglia (2009) essa solidão seria resultado de um mundo eletrônico no qual os sentimentos de emoção permanecem no plano virtual e não no presencial, o sistema de informação- internet- que já faz parte de nossa cultura promove a limitação de uma interação interpessoal presencial.

7-    Quem trabalha com a web e ainda acessa em casa, pode-se dizer que isso a prejudica?
Temos que analisar cada contexto em especial para darmos um status de 'queixa clínica'. Quando há um autocontrole em relação ao acesso a internet, as atividades do trabalho e a finalidade deste acesso podemos auferir que não há necessariamente um vício.
Muitas vezes as pessoas que trabalham com a web como os analistas de TI, os programadores, etc. têm uma jornada de trabalho que perpassa ao horário comercial. Tem pessoas que até preferem trabalhar em casa por não terem estímulos (o chefe, os ruídos, as interrupções) que possam intervir no foco da sua atividade. Já têm outras que preferem trabalhar na empresa e prolongam as suas atividades por lá ou em casa com o intuito de não acumular serviço e outras que acessam em casa mais para o lazer (e-mails, bate-papo, jogos, etc.). Enfim, são diferentes contextos que devem ser observados ao uso da internet. Por outro lado, quando há um sofrimento clínico expressivo, isolamento social, comprometimento das atividades profissionais, sociais e acadêmicas seria uma sinalização de que algo não esta bem.




Entrevistadora: Ana Carolina Albernaz *Repórter do Diário Grande ABC
Entrevistando: Psicólogo Luiz Ricardo Vieira Gonzaga CRP 06/79399

* Psicólogo formado em Psicologia pela UFPB. Pós- graduado em Psicologia Clínica pela USP e em Administração de Empresas pela FGV. Presta atendimento psicológico e participa como pesquisador colaborador no projeto CAIS- Centro de Apoio a Inclusão Social- com crianças autistas em parceria com o Genoma Humano da USP.