O que aprendi sobre as pessoas depois que me tornei mãe
Nunca coloquei nada tão pessoal aqui, mas achei relevante
uma vez que minha vida também me passa conhecimento, pois não só os livros nos
informam, a observação, a comparação de situações diferentes também podem
acrescentar muito conhecimento que podem confirmar o que vimos nos livros ou
não.
Ser mãe oferece
uma oportunidade única. De acompanhar no dia a dia o desenvolvimento de um ser
humano. Um ser que você não sabe como será, qual gosto terá, qual preferência,
qual habilidade, qual mania, qual postura diante da vida.
O fato se ser psicóloga não garante a ninguém todo o
conhecimento e habilidade necessária para se tornar mãe, aprendemos muito com o
dia a dia, mesmo porque cada criança é diferente.
Uma criança não só mostra como o ser humano é em sua forma
mais pura como também ensina os adultos a lidar com cada característica humana
natural, pois com o tempo vamos inibindo algumas expressões e desenvolvendo
outras, e assim nos formamos adultos.
O que eu percebi de mais interessante é que muito da criança
pode não ser inibido nunca, e alguns adultos passam toda uma vida com partes
ainda em seu formato original, infantil. O que pode ser muito bom em relação a
algumas coisas, mas nem tão útil com relação a outras.
Vamos ao que aprendi como mãe sobre o ser humano
A criança é egocentrada – Isso os livros já tinham me
alertado. Mas é muito interessante como eu percebi que desde bebe a criança não
tem qualquer empatia. Nada de entender que você está morta de cansaço, se ela
quer mamar no meio da noite ela vai gritar e pedir. Com o tempo vamos
desenvolvendo a habilidade de identificar o equilíbrio, entendo o quanto
podemos invadir o espaço do outro com nossas necessidades e o quanto devemos
respeitar o limite do outro.
E neste ponto entra a necessidade dos pais aprenderem a
colocar limites correndo o risco de ouvir em algum momento “eu te odeio”, e
entender que eles querem dizer “eu te amo mas odeio que você me mostre que a
vida é mais dura do que gostaria que
fosse”. Mas a mãe sabe que o papel dos pais é de mostrar este lado duro, mesmo
que para isso tenha que lidar com estes momentos tão difíceis, pois o tempo
fará com que o filho ame ainda mais quem foi forte o suficiente para ser duro
quando necessário.
Mas será que todos adultos desenvolvem esta habilidade?
Podemos encontrar ainda alguns grandinhos se comportando como se fossem os
únicos no universo.
Criança é espontânea
Até certo ponto ela fala o que pensa,
não importa para quem está falando, seja a pessoa que o alimenta e lhe dá casa
e carinho, seja para o estranho que nunca viu na vida. Com o tempo aprendemos a
considerar, pelo menos, aqueles a quem devemos alguma consideração.
Tem uma fase da vida que sente vergonha dos estranhos
Parece que num dado momento entende que tem “os de casa e os de fora”. Neste
momento a mãe precisa ensinar a difícil tarefa de identificar quem pode ser
confiável e quem deve ser evitado. Na idade adulta ainda tem alguns que ou tem
medo de todo mundo ou acha que todo mundo é seu “chapa”.
Criança fica magoada agora, mas assim que resolve o conflito já volta ao seu humor original
Quantos
adultos conhecemos que mesmo depois de corrigido o erro, de explicado o mal
entendido ainda passa o resto da vida odiando alguém?
Criança gosta de gente, de animais, de plantas, enfim, de vida
Tudo encanta uma criança. Talvez seja a característica mais interessante
para não deixarmos para trás.
A fantasia da criança a leva para lugares que parecem impossíveis de ir
Se continuasses para sempre com essa capacidade, se a criança não fosse
tolhida, se não ouvisse dos adultos que ela está falando bobagem, se não
ouvisse risinhos de desprezo talvez tivéssemos mais adultos com capacidade de
imaginar novos aparelhos que solucionariam questões importantes, com capacidade
de resolver conflitos, de arriscar projetos produtivos.
Criança tem muitos interesses e curiosidade
Tudo é
interessante para criança. Mesmo nos momentos que parece que ela está no mundo
da lua você acaba vendo ela repetindo o que ouviu na TV, na conversa dos tios,
na escola. A capacidade de se maravilhar, pelo meu ponto de vista, deveria ser
algo a ser tratado com muito cuidado pelos pais, pois o cansaço ou a
dificuldade em entender que este é o melhor momento para ela ser introduzida ao
conhecimento pode dificultar o aproveitamento do momento no qual o interesse
foi despertado.
Criança é persistente
Algumas vezes os adultos chamam de
birra, chatice, mal criação o que na verdade pode ser visto como persistência.
E abafar por completo esta característica também pode ser perigoso. Será que
muitos adultos desistentes que encontramos hoje não foram crianças cuja
persistência foi vista como “geniosa”?
Como mãe, lidar com tudo isso é muito difícil
O cansaço
pega, a dor na consciência de não ter feito o melhor possível pode nos
derrubar. Mas saber que estamos ajudando um ser humano a ser uma pessoa que no
final tenha se tornado competente ou bem
de vida, o que queremos mesmo é que seja feliz.
Marisa de Abreu Alves
Psicóloga
CRP 06/29493
Psicóloga
CRP 06/29493
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