O que fazer com as bobagens que a gente escuta?
Oposição a ideias
Falando o que outro não gosta de ouvir
Uma pessoa vira para você e diz:
“A Maria não devia usar esta roupa, fica ridícula na idade
dela”
“Fiquei sabendo que provaram que a Terra é plana”
Vamos pensar no que nos mantem vivo. Organicamente vivo. Ingerimos
ar, nossos pulmões processam da melhor forma, utilizamos o que interessa e
expiramos o restante. Ingerimos comida, processamos em nossos estômagos e
expelimos o que não interessa.
A vida é movimento, precisamos de que “coisas” entrem,
precisamos processar, usar o que interessa e eliminar o que não interessa. O
problema começa quando não sabemos processar, quando não se trata de algo
automático como nossa respiração e alimentação, mas de ideias, conselhos,
conceitos, argumentos fora de contexto, etc.
Assim deveria ser com as coisas que entram pelos ouvidos:
Processar, usar o que serve e descartar o resto. De toda forma a vida é
movimento, e até mesmo movimento de ideias. Devemos entender que nem seria
muito útil mantermos contato apenas com as pessoas que pensam iguaizinhas a
gente, pois nos manteria numa confortável mas estagnada posição.
O problema é que muitas vezes ficamos paralisados e em
outras erramos tanto quanto aquela pessoa, mas desta vez com nossa atitude e
não com nossas palavras.
Mas, não daria para continuar esta conversa sem antes deixar
claro que o termo “bobagens” pode ser subjetivo, ou seja, uma coisa que você
considera bobagem hoje pode ser reavaliado amanhã, uma coisa que você considera
bobagem na boca de um pode ser considerado muito inteligente na boca de outro.
Podem até mesmo ser ditas por nós mesmo e algumas vezes
sobre nós. Por exemplo “nem adiante estudar, vou ser reprovado mesmo”, “eu sou
imprestável”, etc.
*Mas o ponto hoje são as coisas que a gente escuta, pode até
ser a nosso respeito ou a respeito de outras coisas, mas que além de não
concordarmos percebemos que “fere nossos ouvidos”, e nos faz sentir
incomodados. Pode ser uma ofensa a alguém, uma colocação que demonstra falta de
conhecimento, uma ingenuidade, uma grosseria, etc.
*Como agir?
Pode ser útil que haja um tanto de reflexão antes de nos
colocarmos, mas esta reflexão tem que estar no ponto certo, se demorar muito
ficamos com cara de “Ah é é”, se nos colocarmos por impulso, sem perceber aonde
estamos pisando, podemos tanto iniciar uma discussão desnecessária como magoar
a pessoa.
É importante notar que a forma como reagimos tem a ver com
nossos conteúdos internos. Por exemplo: Uma pessoa que se sente inferiorizada
pode não lidar bem com certas colocações que inferiorizam outros. Uma pessoa
que sente que não foi acolhida durante sua vida pode reagir de forma muito
abrupta quando sente que estão abandonando outros.
Até mesmo aquele branco do famoso “Ah é” pode vir da
ansiedade, da vontade em falar algo maravilhoso e perfeito, mas a auto cobrança
bloqueia o raciocínio.
As vezes nos enfurecemos e quando vamos ver estamos falando
mais bobagens que aquela dita inicialmente pelo outro.
Acredito que podemos ponderar cada colocação e pensarmos:
Considerei isso bobagem, mas será mesmo? Estou avaliando pelo ponto de vista
correto. Teria algo a ser aproveitado? Se ainda assim perceber que há algo de
errado na colocação do outro temos a nossa frente uma excelente oportunidade de
treinarmos nossa assertividade, de encontrarmos a forma mais elegante possível
de falar algo que talvez o outro não goste de ouvir.
Ou talvez seja o momento de percebermos que não falar nada
pode ser mais proveitoso. Quem disse que temos que expor tudo o que está em
nossa cabeça. A elegância muitas vezes vem da permissão que damos ao outro em
pensar da forma que ele quiser. Quem disse que se você não se colocar estaria
concordando com o outro.
Partilhar companhia implica em conviver com pessoas que não
tenham, necessariamente, “irmãs gêmeas” das suas ideias. Conviver com pessoas
implica em lidar com o diferente. Use o que te serve, guarde o que tem que ser
guardado, descarte o que não serve, confronte quando necessário. Aumente o
repertório do outro mas aceite que ninguém é dono da verdade. Nem eu.
Marisa de Abreu Alves
Psicóloga
CRP 06/29493
Psicóloga
CRP 06/29493
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