Psicóloga: Parece que algumas pessoas tem mais dificuldade em encarar mudanças, gostam de lidar apenas com o “velho conhecido” até mesmo se não for muito positivo. E que baita revolução que pode ocorrer na vida da mulher depois de um divorcio!
Portanto para superar um divorcio pode ser útil aceitar que sua vida mudou! Ao aceitar as mudanças decorrentes do divorcio, como dormir sozinha, não ter mais a quem pedir opinião, calcular seu imposto de renda sozinha, escolher seus próximos passeios, poderá perceber que pode ser muito boa em uma série de coisas que jamais imaginou.
Há uma piadinha que ajuda a trabalharmos a aceitação: “O casamento é definido por duas palavras – beleza e paciência. Se der certo... beleza, se não der certo... paciência!”
- Mulheres encaram uma separação diferente de homens?
Psicóloga: Talvez uma cultura machista dite que as mulheres “precisam” de estarem em relacionamentos estáveis e, quem sabe, até manter-se a um único relacionamento na vida. Esta mesma cultura pode defender que os homens “precisam” de muitos relacionamentos. Isso é percebido nas conversas informais onde os homens declaram ter tido um numero absurdo de parceiras comparado com o numero que as mulheres declaram. Como isso é uma impossibilidade matemática é possível que as pessoas sintam necessidade em mentir para manter o que a sociedade espera.
Estamos melhores, mas já houve época onde a mulher separada era quase uma pária na sociedade. Já ouvi relatos de homens não permitiam que suas esposas tivessem amizade com mulheres separadas, mas para os homens não havia tal condenação.
As mulheres podem estar conscientes que não precisam absorver este machismo como verdade. A separação é apenas uma nova fase, um recomeço.
- É preciso "viver o luto"?
Psicóloga: Para alguns pode ser útil elaborar o fim de uma fase como um luto. O luto pode ser importante para o aprendizado. Pode ser uma oportunidade em descobrir o que realmente importa e que tipo de pessoas ela colocará em sua vida daqui para frente. O luto pode ser a oportunidade de uma “lapidação” interna.
- Como a mulher pode lidar com sua nova vida de solteira?
Psicóloga: Considerando isso mesmo “uma nova vida de solteira”. Aceitando que nada é definitivo e que ela pode voltar a fazer coisas novas ou manter atividades que tinha quando solteira, independente da idade.
- Solidão ás vezes é necessário?
Psicóloga: A solidão pode ser necessária para que percebamos que ter alguém pode ser algo positivo, mas também pode não ser a única forma de viver. Estar em contato consigo mesmo e descobrir que pode ser uma excelente companhia para si mesmo pode ser muito positivo.
- Dicas para quem acabou de se separar e que vai encarar a vida de solteira?
Psicóloga: Não há dicas que possam servir para todas as pessoas, para alguns pode ser importante não deixar de se divertir, fazer tudo o que parece divertido mesmo que nunca tenha feito e mesmo que não tenha companhia. Para outros pode ser importante aprender a sair sozinha e a fazer novas amizades. Ou até descobrir prazeres novos. Permitir que sua mente se encante com um ângulo do mundo que era impossível de perceber devido a presença do outro.
Não perseguir rapidamente uma nova relação pode oferecer uma oportunidade para novos aprendizados. Deixe o tempo ter seu tempo, se acontecer ok, se não também ok.
- Para a mulher conseguir levar a vida de mãe, profissional e solteira?
Psicóloga: Podemos começar aceitando que pai pode ser solteiro também, ou seja, podemos dividir as tarefas. Essa coisa de ter a guarda do filho automaticamente definida com a mulher está mudando, o que pode ser muito bom. Não vejo os pais sendo considerados "péssima pessoa" se não ficarem com a guarda dos filhos, alguns podem até considera-los “heróis” quando ficam com a guarda. Será que há “dois pesos e duas medidas”?. A dupla jornada já é pesada quando casada. Casada com filhos a jornada é tripla. Separada com filhos a jornada é quádrupla.
Entrevista cedida à Marcelle Lira - repórter do site Bolsa de Mulher.
Marisa de Abreu Alves Psicóloga - CRP 06/29493-5
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