Entrevista cedida pela psicóloga Marisa de Abreu Alves para Folha Universal
Uma senhora pediu ajuda a um programa de TV, nos Estados
Unidos (My violent child). Ela tem sido agredida por um filho de 11 e uma filha
de 9 anos. Ela já chegou a ser espancada 30 vezes no mesmo dia e também teve
alguns cortes de tesoura feito pelos filhos. http://www.dailymail.co.uk/femail/article-2975365/The-mother-beaten-30-times-day-CHILDREN-Woman-reveals-stabbed-scissors-strangled-son-11-daughter-nine.html
O que leva crianças a terem um comportamento tão agressivo a esse ponto?
Há várias possibilidades. Cada caso é um caso e não há como
uma pessoa que esteja lendo este artigo diagnosticar o caso de sua criança sem
uma devida avaliação realizada por um profissional. As possibilidades vão desde
transtornos de personalidade, traumas vividos por esta criança e assim sua
revolta contra quem possa ter de fato tê-la ferido ou contra quem ela imagina
que a feriu, ou simplesmente a reprodução de comportamentos agressivos que
tenha visto em casa, em jogos ou na mídia.
Não acredito que o simples fato de uma mulher ser mãe
solteira seja definitivo para instalação de transtornos em seus filhos. Há uma
infinidade de mães solteiras que criam filhos amorosos.
A figura masculina tanto pode ajudar como atrapalhar. Caso o
pai seja um bom modelo e capaz de orientar a criança adequadamente haverá
filhos em harmonia, mas caso o pai seja agressivo e prejudicial é possível que
os filhos carreguem sequelas.
É comum casos de crianças com crise de raiva sem explicação? Porque a própria mãe disse que não sabe o motivo dos filhos agirem assim com ela.
As vezes a mãe não consegue fazer as associações corretas
para identificar. As vezes a criança sente raiva de coisas as quais realmente
não fazem sentido pois elas mesmas fizeram associações desconexas – por
exemplo: uma criança pode sentir muita raiva da mãe depois de ter visto um
filme onde uma mãe abandonou seu filho, esta criança ao assistir isso imaginou
que sua mãe poderia também lhe abandonar pois uma dia ela atrasou um pouco para
pega-lo na escola.
Obs: Não estou afirmando que toda criança que espera alguns
minutos por sua mãe na porta da escola irá traumatizar-se, dei um exemplo
apenas mas isto não significa que toda criança que sofre frustrações estará
fadada uma vida violenta.
Pode haver casos onde a criança seja agressiva por assistir
outras pessoas, seja na vida real ou na mídia, resolvendo seus conflitos de
forma agressiva. Pode haver crianças que sofreram traumas e reagem de forma
agressiva e não depressiva. Mas também pode haver casos onde o traço agressivo
provem de transtornos psiquiátricos ou
transtornos de personalidade.
O importante é que cada caso seja avaliado individualmente e
cada criança, e sua família, receba o
atendimento adequado em seu problema.
O Fantástico trouxe uma matéria polêmica sobre um acampamento militar para disciplinar crianças:
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/03/acampamento-militar-para-criancas-indisciplinadas-vira-polemica-nos-eua.htmlDo ponto de vista da psicologia, um tratamento como esse é eficaz? Poderia trazer danos emocionais no futuro?
Sou contra quando falam de exageros. Disciplinar é bom, mas
amor é muito mais importante. Disciplina é importante, desde que nascemos
recebemos regras, normas e disciplinas. Um bebe aprende que chorar pode ajudar
a resolver seus problemas de fome, sede e fralda molhada. O choro é a
comunicação do bebe que começa a entender as regras que dizem “caso você
precise de algo comunique aos adultos”. A agressividade não deixa de ser uma
criança que está dizendo “preciso de algo”. As vezes esta criança não teve condições
de entender como comunicar isto sem ser violenta.
Nós podemos mudar as pessoas dando condições delas
conscientizarem-se de que o relacionamento interpessoal é o que temos de mais
precioso, mas alguns pretendem mudar as pessoas com força bruta. Tentar fazer
alguém deixar de ser violento impondo violência me parece algo muito insensato.
Acredito que o resultado poderá ser alguém que se comporta da forma que lhe foi
imposta por puro “cordeirismo” e não por realmente acreditar que encontrou uma
forma eficaz de se relacionar com as pessoas.
Marisa de Abreu Alves Psicóloga - CRP 06/29493-5
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