Eu me amo demais

Amor próprio é muito bom. Faz bem para saúde mental e até física, pois ao se amar você poderá tratar melhor seu corpo, se alimentará melhor, fará exercícios, etc.
Se você gosta de verdade dessa pessoa simpática que vê no espelho todas as manhãs você escolherá a dedo que pessoas colocar em sua vida, claro que aquele abusado sem respeito já está fora da lista de seus convidados. Você tratará com carinho tudo o que se refere ao seu próprio bem estar, escolherá um curso que tem a ver com suas habilidades e vocação, saberá dizer “não” na hora certa e do jeito certo, não deixará que te atropelem – emocionalmente falando.
Se você percebe que não consegue ter uma estima tão doce por você mesmo talvez seja o momento de refletir sobre o que vem ocorrendo contigo.

Mas, será que existe amor próprio "demais"?  

Acho que em algumas situações sim, e pode ser muito quando o limite extrapola. Tem até um nome clinico incluído no manual internacional de doenças mentais - Transtorno da Personalidade Narcisista.
Este nome é baseado no mito de Narciso, onde aquele belo rapaz gostava tanto de si e pouco das outras pessoas que foi induzido a admirar sua bela face no reflexo da fonte enquanto bebia água, e assim ficou por tanto tempo que morreu.
As pessoas que sofrem deste transtorno de personalidade tem pensamentos de grandiosidade, se consideram mais importantes  e melhores que os outros, sentem forte necessidade de admiração e total falta de empatia pelas pessoas.
O Narciso conta sobre suas realizações como se tudo fosse grandioso, quer e espera ser reconhecido por todos. Considera natural e fica muito bravo quando não recebe tratamento especial, o que para ele não é percebido como especial, pois ele considera natural que, por exemplo, seu atendimento no consultório médico, restaurante ou onde quer que esteja, seja preferencial.
Ao falar de seus talentos crê possuir um dom natural e superior em relação ao que quer que seja, mesmo que seus feitos não correspondam a este talento auto proclamado, pois ele acreditará que os outros é que não sabem reconhecer sua superioridade.
Se considera muito, mas muito mais bonito que as outras pessoas, se acha o melhor vestido, mais inteligente e mais agradável de todos. O que você já deve imaginar não tem nada de agradável, mas sua percepção é distorcida a ponto de só perceber o que convêm.
Acredita que é tão especial e que só poderá se relacionar com pessoas de seu nível. Não entende e não aceita ser rejeitado por um clube elitizado ou por pessoas de evidente poder social como, por exemplo, políticos e presidentes de empresas.
Não aceita que as referencias à ele sejam simples, exige admiração excessiva.
Acredita que todos o obedecerão e todos lhe darão tratamento especial. Quando recebe bom tratamento em um ambiente, como por exemplo, numa loja onde os vendedores são treinados a tratar cada cliente com muita deferência, o narcisista acreditará que este tratamento foi dispensado apenas à ele, e não a todos clientes desta loja.
Manter um relacionamento com este narcisista é muito difícil, pois ele tentará tirar vantagem de qualquer um para atingir seus objetivos. Explora e não sente dor na consciência.
Não é empático, não abe se identificar com os sentimentos e necessidades das outras pessoas.
Este é o que acredita que todo mundo sente inveja dele, mas ao avaliar de perto percebemos se ele o invejoso.
Enfim, o narcisista é um arrogante e insolente. Podem até fazer de empregados pessoas que estão à sua volta.
Na realidade todo este comportamento se refere à compensação, ou seja, no fundo no fundo ele se sente mesmo é inferior as demais pessoas, mas como este sentimento não é suportado e não percebe saídas mais dignas usa o comportamento oposto ao seu real sentimento. Isto é o que em psicologia chamamos de mecanismo de defesa.

Fonte: Terapia Cognitiva dos Transtornos da Personalidade Aarom Beck, Arthur Freeman, Denise D. Davis e colaboradores






 Marisa de Abreu Alves Psicóloga - CRP 06/29493-5
*Ajuda emocional: O material deste site é informativo, não substitui a terapia  ou psicoterapia  oferecida por um psicólogo