Sangue de barata? Não, controle dos impulsos


Fazer tudo o que dá vontade é legal?
Ou manter o máximo de controle de todos os impulsos?
R: Encontrar um equilíbrio.

Impulso repetido, seguido de culpa e mal-estar, torna-se compulsão.

Consequências possíveis:
Endividamento, perda da saúde física e mental, perda de tempo e não se dedicar
ao que precisa como estudar ou trabalhar, perda de amigos, do emprego, redução
nas atividades rotineiras de antigamente como clube, esportes, igreja, etc.

Perturbação do Controle dos Impulsos: quando a pessoa experimenta um grau crescente de tensão ou excitação antes de realizar um comportamento que é seguido de prazer ou alívio

Impulso para: Comer, comprar, ficar na internet, face book, Instagram, mentir,
roubar, beber, usar maconha, cocaína, nicotina, sexo, etc.
Vendedores até identificam compradores compulsivos e podem
leva-los a comprar coisas que claramente não serão usadas, ou fazem a pessoa
comprar presentes para outras pessoas sem que seja Natal ou que não estejam
fazendo aniversário.

O comportamento compulsivo
se caracteriza por uma pressão interna que, em determinadas situações, faz com
que a pessoa se sinta impelida, tomada por desejo muito forte de realizar uma
ação que gera prazer principalmente nos estágios iniciais, mas que depois
provoca sentimento de culpa e mal-estar.

Dopamina: Existe uma alteração no cérebro
ligada à liberação de um neurotransmissor chamado dopamina, que é responsável
pela sensação de prazer. Ele faz com que a pessoa, por susceptibilidade
biológica ou sociocultural, ao entrar em contato com determinado comportamento
ou substância, associe tal estímulo ao prazer e bem-estar que está sentindo e
que foi provocado pela maior liberação desse neurotransmissor.

Dr Dauzio Varella em entrevista ao Dr André Malbergier:
Você
está chateado com a vida, entra num shopping, compra uma coisa bonita, se sente
bem e fica um pouco mais feliz. Assim funciona o mecanismo de recompensa cerebral 
Já está demonstrado que existe no nosso cérebro um circuito de
recompensa, na verdade uma estrutura bastante rudimentar que, de alguma forma,
está presente também nos outros animais, por exemplo, nos ratos, e que vai
mediar nossa relação com situações de prazer, como fazer sexo, ir às compras,
comer uma comida gostosa ou encontrar uma pessoa querida que não víamos há
muito tempo. Sabe-se também que, dependendo do grau de prazer que determinada
situação gerou, esse circuito é estimulado em diferentes níveis. Certos
comportamentos e algumas substâncias conseguem fazê-lo de uma maneira que
dificilmente seria possível ocorrer na vida cotidiana. É muito difícil
dimensionar o grau de prazer experimentado pelos dependentes se o compararmos
com o de uma pessoa comum. Talvez seja isso que, depois de algum tempo, os faça
declarar que nada mais lhes traz prazer além do sexo, da cocaína ou das
compras, por exemplo. Existe uma alteração no cérebro ligada à liberação de
um neurotransmissor chamado dopamina, que é responsável pela sensação de
prazer. Ele faz com que a pessoa, por susceptibilidade biológica ou
sociocultural, ao entrar em contato com determinado comportamento ou
substância, associe tal estímulo ao prazer e bem-estar que está sentindo e que
foi provocado pela maior liberação desse neurotransmissor. No entanto,
quando se repete muito tal comportamento ou o uso da droga, a ação da dopamina
se esgota, se esvazia rapidamente, a pessoa se sente mal e precisa repetir com
mais frequência o estímulo externo para manter minimamente os níveis de
dopamina no sistema cerebral de recompensa.

recentemente se conseguiu demonstrar que não são apenas as substâncias químicas
que atuam nos circuitos cerebrais da recompensa. Compras, jogos patológicos,
sexo, comida ou mesmo o uso exagerado do computador representam comportamentos
capazes de agir sobre eles. No caso do comprador compulsivo, o fenômeno é muito
parecido com o provocado pelas drogas. A pessoa se ilude com a sensação de que
vai ao shopping não para comprar, mas para ver vitrines, ir ao cinema ou levar
o filho. Como o usuário de cocaína que acha que pode ir a uma festa, mas jura
que não vai usar drogas ou vai usar só um pouquinho, ela fica brigando consigo
mesma – “Vou conseguir frequentar o shopping sem me endividar” -, mas não
resiste sequer ao primeiro apelo.

Falando
de Freud:
ID
ID é o único componente da
personalidade que está presente desde o nascimento.
Este aspecto da personalidade é
totalmente inconsciente e inclui os comportamentos instintivos e primitivos.
O id segundo Freud é a fonte de
toda a energia psíquica, tornando-se o principal componente da personalidade.
O ID é impulsionado pelo princípio
do prazer, que se esforça para a gratificação imediata de todos os
desejos, vontades e necessidades. Se essas necessidades não são satisfeitas
imediatamente, o resultado é um estado de ansiedade ou tensão. Por exemplo, um
aumento da fome ou sede deve produzir uma tentativa imediata de comer ou beber.
O ID é muito importante no início da vida, porque assegura que as
necessidades de uma criança sejam atendidas. Se a criança está com fome ou
desconfortável, ela vai chorar até que se cumpram as exigências do id.

EGO
No entanto, sempre satisfazer essas
necessidades imediatamente não é realista nem mesmo
possível. Se estivéssemos completamente guiados pelo princípio do
prazer, estaríamos tirando coisas das mãos de outras pessoas para satisfazer
os nossos próprios desejos. Este tipo de comportamento seria perturbador e
socialmente inaceitável. De acordo com Freud, o id tenta resolver a tensão
criada pelo princípio do prazeratravés do processo primário, que envolve a
formação de uma imagem mental do objeto desejado como uma forma de satisfazer a
necessidade.

Superego
O último componente da personalidade
a se desenvolver é o superego.
O superego é o aspecto da
personalidade que mantém todos os nossos padrões morais internalizados e ideais
que adquirimos dos pais e da sociedade – é nosso senso de certo e errado.
O superego fornece diretrizes para
fazer julgamentos.
De acordo com Freud, o superego começa
a surgir por volta dos cinco anos.
Há duas partes do superego:
O ego ideal inclui as
regras e normas de bons comportamentos. Esses comportamentos incluem aqueles
que são aprovados por figuras de autoridade parental ou outras. Obedecer
a estas regras leva a sentimentos de orgulho, valor e realização.
A consciência inclui informações
sobre as coisas que são vistas como ruins pelos pais e pela
sociedade. Esses comportamentos são frequentemente proibidos e levam a
conseqüências ruins, punições ou sentimentos de culpa e remorso.
O superego atua para aperfeiçoar e
civilizar o nosso comportamento. Ele trabalha para suprimir todos os impulsos
inaceitáveis do id e se esforça para realizar o ato do ego nas normas
idealistas em vez de princípios realistas. O superego está presente no
consciente, pré-consciente e inconsciente.
.................
Segundo
o DMS IV  a característica essencial dos transtornos de
controle dos impulsos é o fracasso em resistir a um impulso ou tentação de
executar um ato perigoso ou que pode trazer danos para a própria pessoa ou para
outros. Na maioria das vezes o indivíduo sente uma crescente excitação antes de
cometer o ato, após cometê-lo pode ou não haver arrependimento, auto
recriminação ou culpa.
No CID 10 (Classificação Internacional
de Doenças) o transtorno dos impulsos é encontrado como Transtornos dos Hábitos
e dos Impulsos (F63), que compreende tais transtornos do comportamento que não
podem ser classificados sob outras rubricas, caracterizados por atos repetidos,
sem motivação racional clara, incontroláveis, e que vão em geral contra os
interesses do próprio sujeito e de outras pessoas.
O transtorno de controle de impulsos se
classifica em:

Jogo Patológico (312.31 – F63. 0)
Comportamento mal adaptativo, recorrente
e persistente a apostas e jogos de azar. Os indivíduos com jogo patológico
frequentemente continuam jogando, apesar de repetidos esforços no sentido de
controlar, reduzir ou cessar o comportamento. O indivíduo pode jogar como uma
forma de fugir de seus problemas ou para aliviar um humor disfórico, ainda pode
mentir para familiares, terapeutas ou outras pessoas para encobrir a extensão
de seu envolvimento com o jogo, quando não possuem mais dinheiro ou a quem
pedir emprestado o sujeito pode recorrer a comportamentos antissociais como
falsificação, fraude, furtos ou estelionatos. Mais comum em homens a partir da
adolescência e aproximadamente um terço de pessoas com jogo patológico são
mulheres.
Comportamento de
jogo mal-adaptativo, persistente e recorrente, indicado por cinco (ou mais) dos
seguintes:

(1) preocupação com o jogo (por ex., preocupa-se em reviver
experiências de jogo passadas, avalia possibilidades ou planeia a próxima
jogada, ou está obcecado em formas de obter dinheiro para jogar)

(2) necessidade de apostar quantias de dinheiro cada vez
maiores, a fim de atingir a excitação desejada

(3) esforços repetidos e fracassados no sentido de controlar,
reduzir ou parar com o jogo

(4) inquietude ou irritabilidade, quando tenta reduzir ou
parar com o jogo

(5) joga como forma de fugir de problemas ou de aliviar um
humor deprimido

(6) após perder dinheiro no jogo, frequentemente volta outro
dia para recuperar o prejuízo

(7) mente a familiares, terapeuta ou outras pessoas, para
encobrir a extensão do envolvimento com o jogo

(8) cometeu actos ilegais, tais como falsificação, fraude ou
furto, para financiar o jogo

(9) colocou em perigo ou perdeu um relacionamento
significativo, o emprego ou uma oportunidade educacional ou profissional por
causa do jogo

(10) recorre a outras pessoas com o fim de obter dinheiro
para aliviar uma situação financeira desesperada causada pelo jogo.

B. O comportamento de jogo não é melhor explicado por um
Episódio Maníaco.

Cleptomania (312.32 – F63. 2)
Caracteriza-se por fracasso recorrente
em resistir a impulsos de roubar objetos, que geralmente são desnecessários
para uso pessoal ou em termos de valor monetário, ou seja, a pessoa tem
condições financeiras de compra-los. Essa pessoa tem consciência de que o ato é
errado e sem sentido, e tem com frequência medo de ser apanhada no ato.
Essa condição é rara e mais comum em mulheres.
·       
Fracasso recorrente em resistir aos impulsos de furtar
objectos que não são necessários para o uso pessoal ou apelativos por seu valor
monetário. 
·       
Sensação de tensão imediatamente antes da realização do
furto seguida de prazer, satisfação ou alívio no momento do roubo. 
·       
O furto não é cometido para expressar raiva ou vingança,
nem ocorre em resposta a um delírio ou alucinação. 
·       
O comportamento não é explicado por outra perturbação
mental.

Transtorno explosivo intermitente
(312.34)
Caracterizado por episódios distintos
de fracasso ao resistir impulsos agressivos, resultando em sérias agressões ou
destruição de propriedades. Está mais presente em homens a partir da adolescência
até a 3ª década de vida.
·       
Vários episódios isolados de perda do controlo de impulsos
agressivos, que resulta em actos hostis graves ou destruição de bens
·       
O grau de agressividade expressa é desproporcional em
relação ao estímulo psicossocial que o desencadeia
·       
Episódios não explicados por outra perturbação mental e
também não são resultado de efeitos de substâncias nem de estados
físicos/doenças físicas.

Piromania (312.33 – F63. 1)
Caracterizada por um padrão de
comportamento incendiário deliberado e proposital por prazer, gratificação ou
alívio de tensão. Os indivíduos com esse transtorno experimentam tensão ou
excitação afetiva antes de provocarem um incêndio, são expectadores regulares
de seus atos ou de outros incêndios, ficando ao redor, testemunham, e podem até
participar em combates de incêndios que eles mesmos provocaram. A piromania
ocorre com maior frequência em homens a partir da adolescência.
·       
Múltiplos episódios de provocação deliberada e propositada
de incêndios.
·       
Tensão ou excitação afectiva antes do comportamento. 
·       
Fascínio ou atracção pelo fogo e prazer ao provocar
incêndios, ou quando os testemunha ou até participa nos seus resultados ou
combate. 
·       
O comportamento incendiário não ocorre visando a obtenção
de ganhos monetários, ou para expressar uma ideologia sócio-política, encobrir
uma actividade criminosa, expressar raiva ou vingança, melhorar as próprias
condições de vida, em resposta a um delírio ou alucinação, ou em consequência
de uma outra perturbação mental.

Tricotilomania (312.39 – F63. 3)
Consiste em arrancar cabelos de forma
recorrente, resultando uma perda capilar perceptível em todas as partes do
corpo, entretanto os pontos mais comuns são o couro cabeludo, sobrancelhas e
cílios. Circunstâncias estressantes frequentemente aumentam o comportamento,
mas este também ocorre em estados de relaxamento e distração. Os dois sexos são
igualmente representados em casos de tricotilomania.

Transtornos do Controle dos Impulsos
sem outra especificação (312.30 – F63. 9)
Essa categoria
serve para transtornos do controle de impulsos que não satisfazem os critérios
para qualquer transtorno de impulsos especifico.

Transtorno obsessivo compulsivo
Envolve rituais como fechar a porta
varias vezes  ou conferir uma sequencia
de objetos antes de sair de casa, arrumar quadros pois se sente desconfortável
quando não estão alinhados, guardar objetos inúteis, rituais para usar banheiro
publico, etc.

Ref:
Sigmund Freud - Obras
Completas - Vol. 16 - o Eu e o Id - "Autobiografia" e Outros Textos
Manual
de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais - Quarta Edição (DSM-IV™)
é publicado pela Associação Psiquiátrica Americana. DSM-IV™
Drauzio Varella: https://drauziovarella.com.br/drauzio/comportamentos-compulsivos/






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