Pensamento automático

Pensamento automático

A terapia cognitiva tem algumas diferenças de outras terapias. O terapeuta não está interessado apenas nos sintomas do paciente e história de vida, mas também na sua interpretação dos acontecimentos.
Por exemplo, o paciente relata que se sentia deprimido e sem esperança após o rompimento de um relacionamento e que esses sentimentos o deixaram depressivo. O terapeuta irá interrogar  sobre o significado do rompimento.

Terapeuta: "Você disse que se sentiu deprimido e sem esperança depois que você e Susana se separaram. Vou falar algumas frases e  quero que você as complete com os primeiros pensamentos que vierem à mente. "Eu me senti deprimido quando nós terminamos porque eu pensava....

Paciente: Eu nunca conseguirei estar com ela novamente.

Terapeuta: E se nunca puder estar com ela novamente me sinto deprimido porque eu
penso. . .

Paciente: Eu nunca poderei ser feliz com outra pessoa."

Avaliação cognitiva significado

A avaliação cognitiva tenta suscitar interpretações idiossincráticas do paciente. Infelizmente, muitos acreditam que sabem o que o evento significa para o paciente, mas podem estar completamente errados. Por exemplo, pacientes diferentes pode tornar-se deprimido por causas diferentes, por exemplo para um o rompimento significa que ele não seria digno de amor, para outros significa que não será capazes de cuidar de si mesmos, e para outros que não pode confiar em seu julgamento. A interpretação do paciente é fundamental, por isso será uma das metas iniciais para a terapia.

O terapeuta cognitivo tentará identificar pensamentos automáticos, que são os pensamentos que vêm espontaneamente, parece plausível para o paciente, e estão associados com efeito negativo. Pensamentos automáticos típicos são "Eu nunca vou ser feliz" ou "eu vou perder o controle" ou "Eu sou um fracasso." Pensamentos difusos mais gerais são chamados pressupostos subjacentes: referem-se  por exemplo declarações de "deveria" (por exemplo, "eu tenho que obter a aprovação de todos") e "se" (por exemplo, "Se eu não conseguir a aprovação significa que que sou um fracasso").

Muitos pacientes (especialmente os ansiosos) relatam imagens visuais quando estão ansiosos. Não são alucinações, mas sim imagens que implicam na crença de que algo perigoso vai acontecer. Por exemplo, um paciente com transtorno do pânico tinha a imagem de que estaria dirigindo através de uma ponte, iria perder o controle e ver-se despencando para a morte. Muitas vezes o terapeuta instrui imagens positivas para indicar o caminho para uma nova crença  sobre como os problemas podem ser resolvidos satisfatoriamente.
Exemplo: Quando um psicoterapeuta perguntou uma mulher solteira de 45 anos de idade, qual imagem visual positiva poderia produzir, ela começou a descrever-se em um quarto segurando um homem que amava. Isso, então, provocou choro porque ela acreditava que nunca iria acontecer. Uma mulher casada de 62 anos de idade, relatando quase quarenta anos de discórdia conjugal e distimia, tinha a imagem "positiva" de seu marido e ela mesma dirigindo na estrada, tiveram um acidente onde ela é lançada, e ele morre. Esta imagem dramática foi positivo para ela: "Eu ficaria livre dele e eu não teria de tomar qualquer decisão" Curiosamente, a imagem dela lhe permitiu "matar" o marido, sem assumir a responsabilidade por sua própria hostilidade.

Embora alguns podem acreditar que a terapia cognitiva envolve o poder do pensamento positivo, esta é uma avaliação incorreta. Muitos pensamentos automáticos pode ser verdadeiros (por exemplo, o indivíduo pode prever que ele será rejeitado ou não passar no exame) e ele pode estar certo. A questão a ser abordada é: "Se você for rejeitado na festa, o que isso significa para você?" O paciente pode responder que o futuro vai será repleto de outras rejeições.

Teste pensamentos automáticos na terapia cognitiva comportamental

Pensamentos automáticos ocorrem espontaneamente, parecem plausíveia para o paciente, e estão associados com efeito negativo. Podemos dizer que os pensamentos automáticos são avaliações ou interpretações de eventos. Eles são proposições: "Eu nunca vou ser feliz de novo", "Eu sou um fracasso", ou "É tudo culpa minha". Eles podem ser verdadeiras ou falsos. Pensamentos automáticos são distintos de sentimentos ou emoções, como tristeza, ansiedade, medo ou desesperança. Sentimentos ou emoções têm o mesmo status que as sensações; eles são incontestáveis. Por exemplo, faria pouco sentido dizer: "Mesmo que você se sinta ansioso, você não está ansioso." O terapeuta cognitivo comportamental não testa ou desafia esses sentimentos; em vez disso, ela examina os pensamentos que dão origem aos sentimentos.
Por exemplo, "Eu me sinto triste porque eu acho que nunca vou ter sucesso em qualquer coisa." O terapeuta auxilia o paciente no exame da proposição, "Eu nunca vou ter sucesso em qualquer coisa." Considere o seguinte: você está andando por uma rua escura na cidade e você ouve os passos de dois grandes homens que vêm de trás. Como você está se sentindo? Seu sentimento de ansiedade, indiferença, ou mesmo euforia vai depender da sua interpretação do significado desses passos. Você pode ter o pensamento: "Eu vou ser assaltado!" o que levará à sensação de medo e o comportamento de fuga. Ou você poderia pensar, "É apenas dois empresários deixando um restaurante", caso em que você terá uma sensação de indiferença e seu comportamento vai permanecer o mesmo. Você vai continuar a sua caminhada. Ou você poderia ter a interpretação de que estes são seus amigos da convenção de psicologia, caso em que o seu sentimento será de prazer, e seu comportamento poderia ser o de se virar e sejuntar a eles. O ponto é que a mesma situação pode dar origem a um grande número de pensamentos e sentimentos. A pergunta é: "Qual o pensamento é válido?"

Para determinar qual o pensamento seria válido é preciso examinar as evidências e seu raciocínio. Por exemplo, você pode examinar a evidência olhando para trás e ver quem está atrás de você. A terapia cognitiva consiste basicamente na identificação e análise dos pensamentos automáticos e suposições que aparecem quando as pessoas estão se sentindo ansiosas, deprimidas ou com raiva.



Fonte: Robert Leahy-  Terapia Cognitiva: Princípios Básicos e Aplicações 1996




Marisa de Abreu Alves Psicóloga - CRP 06/29493-5

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