Resiliência

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Entrevista cedida à Ivanilde Sitta  repórter da Revista Coop

Imagine conhecer a luz do sol durante 58 anos e passar a conviver por 12 anos na eterna escuridão. Ou, então, saber de uma hora para outra que você não é o pai biológico do filho que tanto ama. Pior ainda, perder seus dois únicos filhos num prazo de dois anos. Qual seria sua reação em situações semelhantes? Enquanto muita gente sucumbe frente a tanto sofrimento, os personagens reais dessas histórias também chegaram ao fundo do poço, mas se ergueram e encontram-se hoje recuperados e equilibrados emocionalmente. O que eles têm de diferentes? São resilientes.
Termo ainda pouco conhecido e emprestado da física, a resiliência é um atributo de personalidade que significa, em curtas palavras, capacidade de  construção de novos caminhos de vida a partir do enfrentamento de situações estressantes ou traumáticas. No dito popular, quer dizer levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. De acordo com a psicóloga Marisa de Abreu, o resiliente passa por dificuldades como todo mundo, só que sua reação é diferenciada. “Ele tem a capacidade de superar os problemas, por mais fortes e traumáticos que sejam”, explica.

Superação
Mas de onde vem tamanha força? Vários caminhos são apontados. A biologia defende a idéia de que cada ser humano é dotado de um potencial genético, que faz com ele seja mais resistente que outros. A psicologia defende o ponto de vista que o ambiente familiar, principalmente na primeira infância, é que irá construir a capacidade do indivíduo em suportar e superar as crises. Por outro lado, a sociologia diz que a influência da cultura e das tradições é determinante, enquanto a teologia vê a necessidade do sofrimento como fator de evolução espiritual.
“Pode ser herdada ou aprendida. Alguns nascem com características mais social e maior resiliência do que outras”, aponta o psiquiatra Sérgio Baldassin, professor da Faculdade de Medicina do ABC. Talvez seja a soma dessas particularidades que fortaleçam a capacidade de superação de cada indivíduo. “Não importa a explicação, o certo é que há um grupo de pessoas que consegue dar a volta por cima e retomar suas vidas após imenso sofrimento”, destaca a psicóloga Marisa de Abreu. Como? 


Do limão à limonada
Para a psiquiatra Dra Milena Gross de Andrade, é possível desenvolver a capacidade de resiliência por meio das nossas experiências de vida e da maneira pela qual lidamos com elas. A percepção de que somos iguais às outras pessoas e de que estamos sujeitos aos mesmos acontecimentos, alegrias e sofrimentos nos torna mais empáticos, ou seja, com capacidade de nos colocarmos no lugar do outro e imaginarmos o que ele está sentindo naquela situação.
Segundo ela, a percepção do tempo e da transitoriedade das coisas, traduzido popularmente nas expressões tudo passa e dar tempo ao tempo, também é importante para a consciência de que a situação atual, assim como todas as outras, é passageira, e que o sofrimento sentido nesse momento não terá a mesma intensidade após determinado tempo, pois outras coisas ainda estão para acontecer. “Dessa maneira é interessante observar como a maior aceitação dos percalços da vida está diretamente relacionada com a capacidade de resiliência e superação”, explica.

Flexibilidade emocional
De acordo com a psiquiatra, pessoas com estrutura de personalidade mais rígida, que acreditam ter maior controle das situações do dia a dia, costumam ser pegas de surpresa ante a uma mudança inesperada. Tentam encontrar algo para justificar aquela situação, como se o controle da vida estivesse em suas mãos. Buscam as causas do sofrimento, como se este fosse um castigo por algo que fizeram errado ou que deixaram de fazer.
“Esse tipo de pensamento lógico de causa e consequência predomina atualmente em nossa sociedade”, adianta Milena Gross, acrescentando que isso faz com que muita gente tenha dificuldade em aceitar que certos acontecimentos independem da nossa vontade, que o acaso existe e que a vida, por mais que façamos planos, ainda é bastante imprevisível.
“Aqueles que conseguem abrir mão da sua onipotência, ou seja, que tomam consciência do poder do destino e do acaso em suas vidas são as que conseguem lidar com o sofrimento e com as mudanças com maior serenidade”.


Por conta de um glaucoma, José Moreira da Cruz não vê a luz do sol há 11 anos. Homem sempre ativo e independente, não foi nada fácil para ele encarar a perda da visão aos 58 anos de idade, quando se aposentou no Semasa – autarquia da Prefeitura de Santo André -, onde trabalhava como mecânico de automóveis. “Superar um problema desse requer muita, mas muita força de vontade. E eu tive essa força”, explica o aposentado que contou a seu favor com o temperamento otimista que constituiu seu DNA. “Eu perdi a visão e não a vida. Por isso, não tenho do que me lamentar”, enfatiza. Moreira assegura ainda que, após o glaucoma, conseguiu fazer muito mais coisas na vida do que quando ainda enxergava. Além de estudar braile, investiu num curso de natação e participa de competições sempre que é convocado. Comprou uma safona e um violão, aprendeu tocar os instrumentos, e hoje integra a Orquestra de Violeiros de Mauá, fazendo apresentações em vários locais. “Muita gente com o corpo perfeito só sabe reclamar. Não quero isso para minha vida”, conclui.









Marisa de Abreu Alves Psicóloga - CRP 06/29493-5

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