Riscos da automedicacao

Os riscos da automedicação são muito altos

O uso de medicamentos sem indicação médica cresce cada vez mais, principalmente entre as mulheres. Segundo o chefe do serviço de Neurologia do Hospital Universitário da UFRJ (Maurice Vincent), cerca de 1.7 milhões de pessoas tomam remédio em excesso. Qualquer dor corriqueira, como de cabeça ou de estômago, por exemplo, lá correm elas para a gaveta de remédios, sem ao menos saber o que provocou essa dor. Com isso, mascaram a causa do problema e correm o risco de se viciar em medicamentos.
  
- Por que ocorre esse problema? O que leva algumas pessoas a se tornarem intolerantes a qualquer dorzinha, e logo lançar mão do remédio?
O ser humano pode ser hedonista, ou seja, movido pelo principio do prazer. Temos o instinto de fugir do desconforto desde que nascemos. Observe um bebê, chora por fome, frio, dor e para o desespero das mães, até por coisas impossíveis de se identificar. É preciso que seja assim, se a criança não demonstrar seu desconforto poderá não ser atendida. 
Conforme crescemos vamos aprendendo que muitas dores podem ser suportadas pois são apenas “avisos” de que algo não está bem, ou seja nem sempre a dor é o problema, é apenas o sinal de que existe um problema. É como a luzinha vermelha no painel de seu carro, você não resolve o problema mandando desligar a luz, deve-se investigar qual o problema apontado por ela.
Se a pessoa não  entender a mensagem que sua dor tenta lhe transmitir irá correndo à farmácia procurar algo que elimine o desconforto.
Muitas pessoas percebem que já foram mais fortes, mas ultimamente não aguentam mais nenhuma dorzinha. Talvez estas pessoas estejam “desamparadas” do sentido psicológico, ou seja, passaram por situações tão fortes, estressantes e traumatizantes onde não foi possível encontrar uma solução. O que pode ter acontecido com estas pessoas é que nas situações seguintes elas pararam de tentar uma solução - desamparo - e correm para o alivio imediato.


- A automedicação é um sintoma de que algo não vai bem, na questão psicológica?
Há vários aspectos envolvidos. Pode ser um comportamento provocado em parte por alguns médicos. Quem daqui pode dizer que foi ao médico e recebeu soluções que não envolvam medicação? Pode haver médicos que pouco ouvem seus pacientes, logo pegam a caneta e lá vai remédio. Sendo assim as pessoas concluem que seria mais rápido e fácil ir logo á farmácia comprar o mesmo que já foi receitado antes, ou pior que foi receitado para vizinha.
Também podemos ver a automedicação, em alguns casos, como forma de auto-acolhimento, uma falta de esperança em ser cuidado por outra pessoa, algo do tipo “se ninguém faz por mim eu mesmo faço”.


Entrevista cedida pela psicóloga Marisa de Abreu Alves CRP 06/29493-5 à jornalista Fernanda Cury – Portal Vital da Unilever





Marisa de Abreu Alves Psicóloga - CRP 06/29493-5

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