Como falar com seu filho

- Muitas vezes, na hora do nervoso, os pais soltam frases agressivas para os filhos, como por exemplo: "você não sabe fazer nada direito". Esse tipo de atitude pode ter algum reflexo no desenvolvimento da criança?

Psicóloga Áurea: Sim. As crianças tem os pais ou cuidadores como modelo. A relação estabelecida tem forte influência no desenvolvimento da criança. Quando a relação é pautada em troca, onde o adulto esclarece para a criança o porquê dos nãos, o porquê dos seus comportamentos a relação se estabelece de forma clara e assertiva, ofertando dessa maneira para criança segurança.
Quando os pais verbalizam para os filhos que eles não sabem fazer nada direito, como exposto acima, as crianças podem crescer com essas conceitos, essas regras, onde não se sentem capazes, quando adultas, por exemplo, de desenvolver um projeto bacana em seu trabalho, não sentem confiança no que fazem e nos resultados. É muito importante que os pais e/ou cuidadores reforcem de maneira positiva os bons comportamentos dos filhos, através de elogios, esclarecimentos e, quando estes estiverem errados, ou fizerem as famosas "artes" sejam punidos de maneira adequado, por aquilo que fizeram e, esta punição tem que ser clara, e logo em seguida do comportamento inadequado, de maneira que a criança perceba as consequencias de seus atos.


-Por que, mesmo sendo zelosos e carinhos, muitos pais acabam sendo agressivos verbalmente com as crianças?

Psicóloga Áurea: Muitas vezes o estresse do dia - a - dia, a falta de tempo, a falta de "prática", a cobrança que os pais fazem à si mesmo, na busca de serem o mais adequado possível, pode acabar gerando um aumento da auto-cobrança. Em momentos estressantes é mais fácil dos pais apresentarem esses comportamentos. Não é adequado, porém muitas vezes acontece, entretanto, assim que percebem, os pais podem conversar com a criança e esclarecer o que houve.
Uma relação baseada em respeito mútudo é muito importante, e como os pais são modelos, se apresentam comportamentos de troca, assertividade, segurança, os filhos terão esses comportamentos como parametro. Porém o inverso também é verdadeiro: como exigir que o filho seja educado se os pais não o são.


- Permitir que a criança participe ou que apenas escute as discussões e brigas do casal também pode ser prejudicial?

Psicóloga Áurea: Sim. As questões entre o casal, são referentes ao casal. Caso haja uma separação é importante esclarecer para a criança sobre o fato, porém não há necessidade de se aprofundar nas causas da mesma.
A relação dos pais com os filhos é diferente da relação como casal. São papéis diferentes.


- O tom de voz e a maneira de olhar para a criança também podem transmitir mensagens para os baixinhos. O que os pais devem evitar para não causar transtornos à formação da personalidade da criança?

Psicóloga Áurea: Ao invés de pensarmos em evitar, vamos pensar no que é mais adequado fazer. As mensagens devem ser claras para as crianças, sempre explicando os porquê das coisas, das regras, dos nãos, assim a criança cresce em um ambiente seguro. Quando as mensagens não são claras, a linguagem fica "no ar", permite a criança imaginar, supor uma infinidade de consequências. Essa sensação de "fumaça" pode gerar sentimentos de insegurança, ansiedade, instabilidade na criança pois, esta não sabe claramente o que irá acontecer se tiver um ou outro comportamento.


- Gostaria que você comentasse as frases abaixo e explicasse como os pais podem utilizar outra linguagem para mostrar para o filho que não está satisfeito com o comportamento dele:
"Seu molenga, você cai toda hora".
"Você é um preguiçoso, mesmo. Não vai ser nada na vida!"
"Vou te dar uma surra".
"Você não me obedece; nunca mais vou falar com você."
"Se não me obedecer vai ficar um mês sem computador."
"Você está comendo como um porco."
"Já falei mais de mil vezes."
"Se mexer aí o policial vai te prender", ou "Se não tomar remédio o médico vai te dar uma injeção."
"Por que você não faz como seu irmão, que é tão obediente?"

Psicóloga Áurea: Quando os pais definem uma regra, como por exemplo, a criança precisa fazer a lição de casa antes de ir na rua brincar, essa regra precisa ser cumprida, de forma que a criança sinta-se segura e consciente dos resultados do que faz. Quando a criança quebra uma regra previamente estabelecida, e não tem a punião referente, como não fazer a lição e ir brincar mesmo assim, passa a não respeitar as regras da casa e dos pais. As regras são importantes para as crianças, pois são o alicerce de um ambiente seguro, confiante. Regras não precisam ser vistas como punitivas, mas podem ser vistas como desmostração de amor, de preocupação.
Além disso, alguns conceitos, como  "Você é um preguiçoso, mesmo. Não vai ser nada na vida!" . podem estabelcer para criança padrões errados de auto percepção e consequentemente terem reflexo em seu futuro. Outro aspectos interessante, refere-se a "chantagem", que seria "Se não me obedecer vai ficar um mês sem computador." , é muito bacana o uso de reforçadores, ou premiações, porém de maneira coerente, como por exemplo, fazer a lição antes de brincar. O brincar serve como reforçador, porém não é uma condicional, " se você fizer a lição irá brincar", pois esta dentro das regras e normas da casa.
As regras não precisam ter caráter restritivo, mas sim orientador.
Comparações também podem acabar gerando pré-conceitos, auto-regras na criança, como por exemplo, seu irmão é melhor, o que pode desencadear em auto-conceitos negativos.

Entrevista cedida para Rose Araujo - revista Na Mochila.


psicologa aurea Aurea Ferreira Martins dos Santos - Psicóloga CRP 06/74489







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